17 de maio de 2024

O filme indicado ao Oscar e os Historiadores brasileiros

o filme indicado ao Oscar e os historiadores brasileiros
Montagem blogdojuarez

Este texto é breve. O que tem a ver um filme norte-americano indicado ao Oscar e os Historiadores brasileiros? Primeiro é preciso especificar a qual filme me refiro.

Trata-se de “Ficção americana”, que trata de estereótipo, racismo e como isso se relaciona com a produção de escritores negros de ficção.

A relação que faço é com a escrita de temáticas negras, porém no sentido histórico, acadêmico, ou seja, não ficcional. Tempos atrás apresentei um artigo em um Simpósio Nacional de História, o qual dei o título de  “Escrita de temáticas negras: História, Psiquismo e Pós-abolição” .

No filme, o escritor negro tenta sem muito sucesso escrever e ter reconhecimento e retorno por sua escrita de forma liberta da sua condição de pessoa negra na sociedade, onde é esperado que ele se limite a falar de racismo ou em torno de um “universo negro”.

No meu artigo, defendo algo parecido, libertário, com a possibilidade de escrever para além dos limites “concedidos” pela academia ainda um tanto “trabalhada” nos lugares de fala da branquitude. Isto é, que pesquisadores negr@s não precisem ficar apenas restritos à temáticas negras, mas que em optando pela temática, possam se libertar da “tara pela escravidão” que ainda mora nas mentes dos Historiadores mais antigos em atividade.

A ideia é que enquanto negros e negras, possamos escrever fora das expectativas brancas quase sempre limitadas à estudos da escravidão, como se não houvesse “História negra” depois disso. O psiquismo negro obviamente não tem prazer em pisar e repisar o sofrimento do cativeiro negro no período escravista, prefere falar de liberdades, emancipações e pós-abolição.

Felizmente as coisas estão mudando e esse campo está crescendo, deixando os limites da historiografia da escravidão para trás. Se ainda é necessário e útil que se fale de temáticas negras, que ao menos seja de forma mais moderna e afirmativa, que envolva dificuldades e superações mas também sucessos e inspirações. E que isso se torne também interessante de forma geral, é preciso uma “abolição da escravidão” enquanto preferência de escrita e leitura historiográfica, afinal podemos fazer muito melhor que isso.

 

 

 

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