RESPONDENDO AO ANTROPÓLOGO E HISTORIADOR LUIZ MOTT SOBRE PARDISMO
Ante a insistência reiterada do caro antropólogo e e historiador na falácia pardista, é nossa manifestação:
Identidade não é uma questão apenas de como a pessoa se vê, mas também de como é vista (heteroidentificação) e a REALIDADE. Sendo assim, o Antropólogo e Historiador se estiver atualizado há de concordar comigo:
1- A teoria da HIPODESCENDÊNCIA levantada por Marvin Harris identificou globalmente que o produto de miscigenação é sempre alocado no grupo mais socialmente estigmatizado de suas múltiplas origens, não há “coluna do meio”.
2- A ideia de “mestiço” é uma incongruência, visto que de premissa biológica e reconhecido que não há raças entre humanos, todos são da mesma e única raça, não há plausibilidade em “mistura” da mesma coisa com a mesma coisa…
3- A história reconhece pretos e pardos sempre socialmente unidos e segregados dos brancos, vide as milícias coloniais, os terços de pretos e pardos, e até no império as unidades militares segregadas de pretos e pardos. Ainda a noção de “homens de cor”, prevalece a distinção destes para com os brancos .
4- Censitariamemente, a categoria pardo surge no 1º Censo nacional em 1872, não como indicador de miscigenação, mas como contabilizadora em separado dos negros livres e libertos, portanto uma premissa social em primeiro lugar, sem deixar de considerar que apesar de livres não se confundiam com os brancos. E esses pardos, não se confundiam com os indígenas e descendentes, que tinham categoria própria, a CABOCLO.
5- Lembrar que NEGRO NÃO É SINÔNIMO DE PRETO, o termo negro modernamente surge a partir da colonização do novo mundo e as escravizações, negro era o escravizável ou escravizado… Preto apenas a cor característica dos africanos.
6- Do ponto de vista científico (estudos de relações raciais e mesmo estatística) não importa a imagem que pardos façam de si, eles fazem parte da população negra.
7- Do ponto de vista legal (Estatuto da Igualdade Racial e normatização do IBGE ) não importa a imagem que pardos façam de si, eles fazem parte da população negra.
8- Dizer que não é “Negro” pois descende de indígenas é falacioso, se negros (afrodescendentes ) são negros porque descendem de negros, os “NEGROS DA GUINÉ”, cabe lembrar que até 1755/1758 os indígenas e descendentes também eram oficialmente escravizados e escravizáveis, portanto NEGROS, os chamados “NEGROS DA TERRA”, logo… .
Portanto, a falta de letramento racial da maioria da população e também a compreensível tentativa de fuga da histórica e cultural estigmatização racista sobre a população negra, não servem para embasar uma ideia válida de uma “terceira via” ou “terceira República” como se diz nos estudos hispânicos sobre “miscigenação”. Na verdade todas as manifestações por aqui que falam em “Brasil mestiço”, “fraude estatística” etc…, são puro suco do já citado iletramento racial, do metarracismo e da tentativa de fuga da estigmatização… 🤷🏿♂️