10 de outubro de 2024

Legal a profusão de manifestações de ativistas e “candidatos” no mês, só acho que gente nova falando que avós ou bisavós foram escravizados é “complicado”… . A escravidão acabou tem 133 anos e o ventre livre começou em 1871, ou seja 17 anos antes…(a tutela do estado aos ingênuos, já é outra discussão).

Para dizer tecnicamente que a pessoa foi escravizada (o que é diferente de ter nascido ou vivido ainda na época da escravidão) ela, se viva, teria que hoje ter mais de 150 anos… . Eu, negro que já tem quase 60 anos, tive avós que nasceram por volta de 1910 e bisavós que nasceram de 20 a 30 anos antes, ou seja, por volta de 1880 ou depois, pelo menos dez anos depois do ventre livre… . Meus avós se vivos fossem teriam hoje cerca de 110-115 anos, os pais deles, meus bisavós, uns 130-140… só meus TRISAVÓS nasceram sob escravidão (e mesmo assim alguns talvez já filhos de alforriados, portanto nascidos livres).

Em termos históricos e geracionais, o fim da escravidão é um evento “recente” e o período pré-abolição ainda ainda tem efeitos sociais inerciais na população negra. Está “perto” mas não tanto…, no meu caso, acima de mim tem 3 gerações livres (pais, avós e bisavós), imagine de alguém 30 ou 40 anos mais novo que eu… .

Então companheir@s, vamos “carregar menos” na emoção e “proximidade” familiar com a escravidão. A menos que você tenha pelo menos 80 anos, você não teve bisavós, muito menos avós escravizados, se tiver uns 60, pode até ter tido bisavós que foram crianças em senzala… a diferença pode parecer sutil, mas…  .  De qualquer modo, forçar essa “proximidade geracional” toda com a escravidão, não é necessário e ainda retira a ideia de conhecimento temático, realidade e coerência nas narrativas.

Olha os meus aí…

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