2 de outubro de 2024

Nenhum problema ser garçom ou ter sido, é uma digníssima ocupação. Mas me diga aí se não é estranhíssima essa “qualificação” que praticamente toda imprensa tem usado direto para o empresário preso e investigado por suspeitas muito fundadas de crimes financeiros, e que não tem saído do noticiário desde a semana passada??

Tudo bem que é raríssimo, ver notícias que juntam pessoas negras e bilhões de reais em uma mesma matéria (mesmo que em notícias policiais), mas por que essa insistência em destacar essa ex-ocupação? Se há anos a pessoa para o bem ou para o mal se ocupa e é reconhecida socialmente como empresário, também foi pastor da IURD…, mas ninguém se refere à ele em lead jornalístico como “ex-pastor”.

Fica mais estranho ainda quando em situação parecida recente, a do “Rei do Bitcoin”, não se vê nenhuma outra referência ao investigado que não seja empresário ou “Rei do Bitcoin”… .

Outro dia escrevi sobre a “resistência” que muita gente opõe à pessoas negras associando a imagem à publicidade do luxo, ou mesmo às meras aspirações ao luxo e poder, como se essa humana característica, não pudesse pertencer aos historicamente estigmatizados.

Apesar dos contextos absolutamente distintos, parece que o tipo de “resistência” é o mesmo…, a pessoa muda de profissão, fica rica (e aí não está em questão os meios) movimenta 38 BILHÕES de Reais, em 6 anos, mas não pode ser visto e referenciado como nada além de um “ex-garçom”… . O que é que o “Rei do Bitcoin”, que é branco, era mesmo antes de virar “Rei do Bitcoin” ??? ? (silêncio ensurdecedor…)

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