13 de setembro de 2024
Ornitorrinco é um animal bizarro, mamífero que vive na água, tem bico e nadadeiras semelhante um pato e põe ovos. Tão exótico quanto certas combinações conceituais e teóricas que as vezes se insiste em tentar “validar”.

Que dificuldade ! Mania essa a de fazer malabarismos que não se respaldam semântica, conceitual e lógicamente…

As palavras não existem à toa… RACISMO é discriminação por motivo de “raça”, LGBT* e HÉTEROS simplesmentee não são e nunca foram considerados “raça”, mas sim grupos de orientação sexual e gênero diversa. O preconceito e discriminação contra LGBT*s NÃO É RACISMO, para isso existe o termo LGBTFOBIA…, hoje apenas se utiliza para criminalização a mesma lei antirracista (e nada contra) ENQUANTO NÃO VOTAREM UMA ESPECÍFICA…

Por outro lado, falar em “racismo reverso” é falsa simetria…, racismo é uma estrutura de preconceitos e discriminação HISTÓRICA e CULTURALMENTE construída e aplicada pelos grupos hegemônicos contra os tidos como estigmatizados. Não tem “mão dupla”, o que pode ter são vítimas patéticas do racismo tentando reproduzir comportamentos racistas, ou mesmo sendo INSURGENTES, isso não é racismo, são efeitos e consequências dele.

Racismo é um fenômeno social identificado e sistematizado. Não se limita ao interpretado de forma positivista da lei… .


Afinal o que é então o racismo ? (segundo definições de alguns estudiosos renomados (brasileiros e estrangeiros):

“O racismo, como construção ideológica incorporada em e realizada através de um conjunto de práticas materiais de discriminação racial, é o determinante primário da posição dos não-brancos nas relações de produção e distribuição” (Hasenbalg, 1979, p. 114).

“(a) discriminação e preconceito raciais não são mantidos intactos após a abolição mas, pelo contrário, adquirem novos significados e funções dentro das novas estruturas e (b) as práticas racistas do grupo dominante branco que perpetuam a subordinação dos negros não são meros arcaísmos do passado, mas estão funcionalmente relacionadas aos benefícios materiais e simbólicos que o grupo branco da desqualificação competitiva dos não brancos.” (Hasenbalg, 1979, p. 85)

Segundo (Blumer, 1939) “São quatro os sentimentos que estarão sempre presentes no preconceito racial do grupo dominante: (a) de superioridade; (b) de que a raça subordinada é intrinsecamente diferente e alienígena; (c) de monopólio sobre certas vantagens e privilégios; e (d) de medo ou suspeita de que a raça subordinada deseje partilhar as prerrogativas da raça dominante. “

“Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o preconceito de raça se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico, para que sofra as conseqüências do preconceito, diz-se que é de origem. (Nogueira, 1985, p. 78-9)

“Surgiu, então, a noção de “preconceito de cor” como uma categoria inclusiva de pensamento. Ela foi construída para designar, estrutural, emocional e cognitivamente, todos os aspectos envolvidos pelo padrão assimétrico e tradicionalista de relação racial. Por isso, quando o negro e mulato falam de “preconceito de cor”, eles não distinguem o “preconceito” propriamente dito da “discriminação”. Ambos estão fundidos numa mesma representação conceitual. Esse procedimento induziu alguns especialistas, tanto brasileiros, quanto estrangeiros, a lamentáveis confusões interpretativas.” (Fernandes, 1965, p. 27)

Portanto a coisa não é tão simples como quem usa termos e conceitos de forma equivocada, interpreta a lei de modo positivista, ou acha que racismo tem “mão dupla” e não oferece nada além de um “EU acho…”. Não é que um “ornitorrinco” seja absolutamente inviável, prova é que eles são reais, mas convenhamos, é esquisito e raro tipo de combinação esdrúxula que funciona, no mais das vezes é uma improbabilidade lógica.

Referências

BLUMER, (Herbert). “The nature of racial prejudice”. Social Process in Hawaii, 1939, 11-20.

FERNANDES (Florestan) . — A integração do Negro na sociedade de classes. Dominus Editora. São Paulo, 2 vols. 655 págs., 1965. 1° Vol. “O legado da raça branca” . 2° Vol. “No limiar de uma nova era” .

HASENBALG, Carlos. Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1979.

NOGUEIRA (Oracy) – Tanto preto quanto branco – Estudos de relações raciais. São Paulo, T. A. Queiroz, 1985.

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