6 de dezembro de 2024

Me dá um desalento essas “idas e vindas” das discussões dos movimentos negros. Tudo bem que as novas gerações não estavam no planeta quando isso estava “quente”, por isso acham que vários assuntos são novos, acham quem estão avançados ou “pisando terreno novo”.

Por isso que é importante a memória. Faz parte da essência afro o ouvir os mais velhos, os que vieram antes, o conceito de “griot” que vai muito além da contação de histórias. Importante seria que todo mundo buscasse a história dos movimentos, a evolução dos paradigmas e demandas na população ao longo do tempo, antes de  “reiventar a roda” e achar que está sendo “original”.

Vendo o povo às turras por conta do filme da Beyoncé, discutindo se a mensagem de “retorno à África” (mítica)  é literal ou “filosófica”, de resgate de raízes e conhecimentos.  Se estivessem no planeta e conscientes 40 anos atrás, lembrariam da banda norte-americana ODISSEY performando “Going back to my roots” (“Voltando às minhas raízes) e teriam a resposta… :

“To the place of my birth
Back down to earth
Ain’t talkin’ ‘bout no roots in the land

Talkin’ ‘bout the roots in the man
I feel my spirit gettin’ old
It’s time to recharge my soul”

Tradução: “Para o local do meu nascimento
De volta à terra (planeta)
Não estou falando sobre raízes na terra

Falando sobre as raízes do homem
Eu sinto meu espírito ficando velho
É hora de recarregar minha alma” .

Obviamente se está falando de valores ancestrais DA HUMANIDADE INCIPIENTE, que surge em África… uma África mítica, que não necessariamente é a terra africana atual, que também passou por processo eurocentrico e perdeu boa parte da cultura e filosofia originária. Não uma filosofia e lógica perversas e destrutivas  como as que temos no ocidente, mas como os vestígios que ainda encontramos no UBUNTU ou nas cosmovisões que sobreviveram em África e na diáspora africana.

Cabe lembrar, que para o afroamericanos, que foram muito mais colonizados mentalmente, a ponto de normalmente não terem referências culturais e espirituais “africanas”  como nós afrodiaspóricos temos, essa busca de raízes africanas é muito mais distante, longa e complicada. Daí que tendem a ir ainda mais distante no tempo e espaço para encontrá-las…

O texto da burundiana Judicaelle Irakoze expressa uma posição jovem mas que não “joga a criança fora com a água da bacia”, traz uma visão muito sensata de como o resgate da africanidade deve ser encarado: “Por que devemos ter cuidado ao assistir ‘Black Is King’ de Beyoncé” https://medium.com/@allankardecpereira/por-que-devemos-ter-cuidado-ao-assistir-black-is-king-de-beyonc%C3%A9-eead653fa9ac

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