4 de dezembro de 2024

Muitas músicas de sucesso fazem referências a coisas das religiões afrobrasileiras, muita gente gosta das músicas, mas as vezes nem percebe o contexto ou conceitos e termos que rolam.

Bom, a famosa música do Dudu Nobre e Zeca Pagodinho, todo mundo conhece, mas não faz muita ideia da motivação e das referências nela contidas. Por sugestão da minha querida filha única, vou falar brevemente sobre “Chico não vai na curimba”.

Bom, para começar “Corimba” ou Curimba” é uma forma “íntima” ou “carinhosa” de se referir à parte musical nos rituais de religiões de matrizes africanas, principalmente na Umbanda e similares, menos assim referido nos Candomblés, ou seja, é a percussão e o canto, quem atua nessa parte é um “curimbeiro”.

Na música tem referências a gonga (também dito conga), um “altar” com imagens de santos, orixás, caboclos, entidades, enfim. Também fala de práticas como tomar “água de moringa” (que pode ser uma cabaça vegetal ou uma “ânfora” feita de barro), fazer “mandinga” (feitiços), saracutear (dançar), dar flores ao Orixá ( uma oferenda, para a divindade), banho de arruda ( para a limpeza espiritual e afastar “negatividades”) ou Abô ( banho para fortalecer).

Também fala em Babalorixá, que é um sacerdote de candomblé. Além de outras referências… .

Na verdade o “Chico da Curimba” existe, é um “roadie” o cara de confiança de um artista ou banda, que cuida da produção musical nos shows, acompanha despacho, montagem e desmontagem da aparelhagem, passagens de som, etc… .

O Chico, que na verdade se chama Francisco Otávio Reis, é também um grande e querido “bicão” da Lapa (aquele cara que faz participações no show dos outros) e “ganhou” a homenagem da dupla de sambistas que conheceu em 1999, na verdade uma grande zoação, já que o Chico, foi criado por evangélicos, é casado com uma católica fervorosa que o arrasta para a missa aos domingos, porém apesar de boêmio e viver no meio do samba ( e ter sido convidado pelo Zeca para “curimbar” em terreiros por ai), nunca quis saber de nada com a “macumba”, como é “padrão” no meio… .

Então, não é que o Chico como sugere a música tenha “se revoltado” e abandonado a religião, na verdade ele nunca foi dela…”, mas o bom humor da dupla não deixou passar a oportunidade de zoar o “Chico da Curimba” que de curimba só tem o apelido.

Sobre o autor

0 thoughts on “Chico não vai na curimba, por quê ?

  1. Ola boa tarde professor, gostei muito do seu blog parabéns ! Sobre essa musica gostaria de saber sua interpretação para a parte que diz : ” Ele é de banda cheirô Ele é de banda cheirá ” alguma relação com uso de drogas ? gostaria de saber sua opinião.
    Abraços

    1. Também vim parar aqui por ter pesquisado o que é o termo em questão perguntado por vc.
      Depois de ler toda a interpretação e principalmente, a história da criação da música, talvez o significado seja relacionado a ele ser evangélico. Afinal, ele não vai na curimba, ele ”É DE banda cheirô”… Será que é isso?

      1. Olá Kaynan, grato pela visita e comentário. A música é uma óbvia “gozação” com o Chico da Curimba…, Curimba é um termo genérico muito carioca para “macumba”, tudo que tem a ver com “toque de tambor e santo” e relação principalmente com a Umbanda. Realmente ele não tem um histórico, e pelo contrário, apesar do apelido. Quanto ao “Banda Cheirô” também é uma zoação…, na Umbanda tem logo no início das cerimônias a defumação, se pode dizer que é o “comecinho”, a fumaça pega todo mundo, ou seja, todo mundo que está “perto”, mesmo que não esteja na roda ou seja praticante acaba “cheirando a umbanda”. Esse momento tem alguns pontos (músicas temática) um conhecido é “Como cheira a Umbanda”, é essa a relação que é feita…?
        Veja o vídeo:
        https://youtu.be/3vxoAGqQaGQ

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