29 de setembro de 2024

O presente texto visa desconstruir mais uma das típicas argumentações metaracistas, para tal é preciso antes apreender alguns conceitos importantes para o entendimento pleno da questão.

O primeiro ponto, Schrödinger, foi um físico teórico austríaco muito vinculado à física quântica, prêmio Nobel de Física em 1933. Um de seus experimentos mais famosos é conhecido por “O gato de Schrödinger”, no qual basicamente tenta verificar o quanto uma situação é verdadeira ou não a partir de análises da realidade a partir de pontos de vista diversos, ou seja, algo um tanto subjetivo.

Pois bem, a partir disso algum metaracista ( logo adiante vamos trabalhar o conceito) resolveu fazer uma paródia tratando da visualização e atribuição da população e indivíduos de cor parda, que seriam ora tratados e incorporados à população negra, ora descartados ao sabor de “conveniências” dos movimentos e ativistas negros, chamando a paródia de “O pardo de Schrödinger” .

Metaracismo é conceito colocado por Joel Kovel e também tratado por outros intelectuais como Zizek, que trabalham o tema do racismo. Basicamente metaracismo é uma forma moderna de racismo aonde não se assume intenção supremacista, direta e claramente racista, pelo contrário, se diz “antiracista” ao mesmo tempo que trabalha no combate ao verdadeiro antiracismo, desse modo, cinicamente busca manter as desigualdades sociais de origem racial, mesmo considerando não haver de fato diversas raças entre a humanidade, ou seja é o racismo que prescinde da ideia de raça biológica mas atinge igualmente os mesmos grupos tradicional e socialmente expostos à subordinação e tenta manter o status quo.

Dai a afirmação de que a argumentação utilizando “Pardo de Schrödinger” tem finalidade metaracista, pois ataca não apenas a definição de população negra enquanto bloco formado por pretos e pardos, mas as críticas dos movimentos negros, seus ativistas e aliados e o critério utilizado nas políticas públicas de correção das desigualdades raciais.

A questão do pardo enquanto negro, tem base histórica, tanto no período da escravidão, a exemplo do censo de 1872 (o primeiro oficial de todo o país) que utilizava em geral o termo pardo para os negros livres e libertos (independente de cor/miscigenação) e o termo preto para os ainda cativos, quanto no pós-abolição, aonde o estado brasileiro sempre definiu como pessoas negras os membros da população negra, oficialmente formada pelos autodeclarados pretos e pardos, igualmente aos movimentos negros e a academia.

Se há dúvidas e divergências em situações pontuais de “fronteira extrema” é devido à subjetividade das visões dos envolvidos, não uma intencional e “matreira” utilização dos conceitos identitários pelos ativistas e movimentos. Matreiros são os argumentos dos metaracistas para sempre se colocarem contra toda e qualquer ação afirmativa de recorte racial e mesmo as denúncias do racismo cotidiano e estrutural.

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0 thoughts on “O “pardo de schrödinger” e a falácia metaracista.

  1. Falou falou e mentiu, nunca se admitiu oficialmente, ao menos não na história recente do censo do IBGE, que negros são um grupo formado por negros e pardos, a prova disso é o fato do IBGE utilizar as cinco categorias.

    1. Tu é burro ou o quê ??? . As categorias do Censo se diz de Cor/Raça na verdade porque indígena não é cor e pardo NUNCA foi raça…, no passadi havia justaposição entre cor e raça para brancos e amarelos, você já ouviu falar em RAÇA PRETA ??? claro que não… pois preto É COR não raça…, você já viu NEGRO nas 5 categorias ??? também não pois NEGRO é quem faz parte da POPULAÇÃO NEGRA que desde 1872 é oficialmente composta por PRETOS + PARDOS. Não tem essa de “negros e pardos” pois pardos já fazem parte da POPULAÇÃO NEGRA. Agora se quer oficialização leia a lei… LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.
      Art. 1o  Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
      Parágrafo único.  Para efeito deste Estatuto, considera-se:
      [..]
      IV – população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga;

      É fácil dar opinião e querer contrapor quem estuda, o difícil é estudar antes de fazer isso e falar besteira…??‍♂️

  2. Olá Mestre Juarez Silva, trago a vossa presença algumas reflexões e questionamentos. O Brasil é eurocêntrico, vide o kardecismo, em voga em terras tupiniquins, esquecido na França, o ideal francês, erudito e elegante em contraste com o complexo de vira-lata brasileiro. É neste mundo latino eurocêntrico do qual fazem parte a Itália, Portugal, Espanha, Canadá, Romênia, França, America Latina, Africa Portuguesa, etc.. que o povo africano escravo despedaçado (sudaneses, bantos, em menor número bosquimanos, nilóticos e malgaxes, etc… ) e os mouros, também incluem os judeus e o grupo em maioria os berberes, dos quais os de Mali, muçulmanos, vide por exemplo a revolta Malê no Brasil, miscigenou, porém, é preciso entender pontos cruciais neste processo, permita Mestre explanar sobre minhas origens a Vossa Senhoria, que possa visualizar vertentes minoritárias neste extenso país e que isto lhe possa ser útil em vosso ministério, que a paz e a honra esteja sobre ti. Portugal sofreu diversas insidias dos judeus e depois dos otomanos, além disso, pelo estreito de Gibraltar, a miscigenação pelos africanos de pela clara do norte da africa estava colocando em risco a identidade nacional portuguesa, foi preciso criar leis duras para conter a miscigenação: Dentre elas, nenhum homem poderia fazer artes ou teologia se possuísse sangue africano: expulso e castigo, sangue mouro: Expulso, judeu: Morto, então aparece no contexto histórico Napoleão: A corte real vem para o Brasil, trazendo todo este arcabouço jurídico de leis, que foram utilizados das mais variadas formas, é deste contexto que surgem as favelas e a elite religiosa, dos quais existem muitas referências e livros sobre o assunto. Estes miscigenados de pele clara descendente de escravos paternos, os quais, de fato, não possui a linhagem paterna completa nos cartórios, foram o principal sustentáculo da Elite oligárquica contra os africanos que resistiam a miscigenação, conservando os valores e tradições étnicas. Com a vinda dos imigrantes europeus, os a etnia africana sofre FORTEMENTE a exclusão social com a extrema valorização eurocêntrica, em especial o homem africano, que vê suas filhas se casarem com europeus diversos e seus filhos miscigenados e latinizados. Nestes tempos, o movimento “negro” , termo que somente deveria ser usado em referência ao dia da consciência negra. Negro é a tradução usada por José Basílio Pereira para o termo latim “niger” em 1902, vide Simão ou Simeão, dito “Níger”, traduzido por “negro” para Atos 13:1. Niger vem de Necro, um luso-espanhol ou ítalo-latino falando nekro dizia niecro, daí niegro, que os anglo-saxões expressaram Nigger, veja que nos EUA, a expressão corrente é “Black Man”, o líder Malcolm X, que a paz esteja sobre ele, apesar dos muitos erros, usava o termo corrente atual, videos no youtube. Inclusive, fiz questão não só de influenciar como difundir isto na comunidade afrodescendente, Mestre veja, por exemplo a tradução do cantor MC
    Eazy-E na musica “Real Muthaphukkin’ G’s”, do início movimento musical rapper, ele usa muito o termo “Nigger” e vivia e coloca-se dentro da marginalização, um erro, claro , https://www.youtube.com/watch?v=uqmyT9FHz1M no trecho 4:03, Eazy-e fala do “Sargento”, o judeu Jerry Heller vide https://en.wikipedia.org/wiki/Jerry_Heller, e a partir deste judeu, todo o movimento rapper americano foi socializado (pacificado) e recompensando financeiramente, inclusive com alguns assassinatos de repercussão até pouco tempo. Mestre, veja também que os Judeus também foram os donos das maiorias dos navios negreiros, destruíram a igreja cristã em Jerusalém e Antioquia, mas em Roma, apesar da mulher de Nero ser Judia, os cristãos romanos sobreviveram por serem a elite da época e com eles o cristianismo, que quase sucumbiu, não obstante, os judeus participaram da revolução bolchevique na Russia e deixaram os armênios na pior, que não foram socorridos pelos países que possuíam influencia judaica, a muito a ser dito sobre isto, a Participação da Maçonaria e a influencia judaica, enfim Mestre, existe um longo caminho a ser percorrido pelos Brasileiros como um todo e infelizmente totalmente divididos contra os verdadeiros dominadores: As corporações estrangeiras que fazem desta terra ainda uma colônia. Cada um, tenho percebido, já faz tempo, anda pensando só em si… Mas tenho certeza que o vosso movimento tem crescido e amadurecido e não irá ser manipulado facilmente. Sou policial militar com 27 anos de serviço, descendente de Africanos Malês, Alemães e Italianos.

  3. Certo, mas continuo achando o termo ”pardo de schrodinger” válido.
    Aqui no interior do Maranhão as pessoas me chamam de branco, e quando fui em Santa Catarina conhecer a família italo-germânica de uma ex-namorada minha eles ficaram chamando atenção para o fato de eu ser “moreno” e ter o “cabelo forte” (cabelo grosso que não dá para pentear).
    Quer dizer, lá eu sou uma coisa e aqui sou outra. Eu nem me atrevo a me considerar negro aqui porque sei que os mais retintos vão me considerar “ambíguo demais”.

    1. Ângelo, o texto que crítico não foi escrito para apenas mostrar essa “subjetividade” a que o pardo está normalmente exposto. Ele tem o objetivo de desqualificar a classificação pardo como contida na população negra. Lembrando que o termo NEGRO não é cor, nem sequer existe nas opções do IBGE… .NEGRO é quem descende de alguém oriundo do tráfico NEGREIRO transatlântico, e é socialmente negro quando tem “marca”, ou seja, algum detalhe fenotípico que “entregue” a sua origem, não necessariamente a cor, mas traços, cabelo, ou identidade cultural. Mesmo os índígenas foram oficialmente NEGROS até 1755, e em muitos países da América latina é comum serem assim tratados em referências e apelidos. A “ambiguidade” alegada por pretos (negros retintos) é colorismo vindo da ignorância e radicalismo, principalmente da “geração tombamento”. Os grupos e ativistas tradicionais, estão há décadas chamando para o blocão negro os mais claros… . Ah! outra definição é que negro é quem faz parte da população negra (pretos + pardos) e essa aparece na terminologia do IBGE e pesquisas. Portanto bata o pé e não deixe que radicais tentem retirar sua negritude, na hora que brancos forem te discriminar eles não terão “dúvidas”

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