7 de dezembro de 2024

O profissional historiador

Fonte: Portal do Senado 02/2019

Aproveitando a notícia, é interessante tratar de algumas dúvidas (pior quando são “certezas”) por falta de informação.

A primeira é básica, professor de história e historiador são a mesma coisa?, à primeira vista não, pois o primeiro estuda e ensina história e o segundo pesquisa e escreve história, ou seja, não necessariamente a mesma pessoa faz ambas atividades. Bom exemplo é a questão dos professores de filosofia x filósofos, os primeiros só entram para o segundo grupo ao começar a  produzir suas próprias reflexões e as terem sistematizadas e reconhecidas.

Por outro lado, é comum que ao longo da graduação e ao seu final, o bacharel ou licenciado produza trabalhos menos complexos de pesquisa e não raro os apresente e publique, ou seja, já é um pesquisador em formação inicial e com produção, simples, mas produção…, dai ao se graduar já se pode dizer além de professor, um historiador, se vai seguir pesquisando e produzindo “já são outros quinhentos” . Há ainda os que pesquisam e produzem obras de cunho histórico sem passar por formação específica e sem tributo ao método histórico acadêmico.

Licenciatura X Mestrado e Doutorado

A função do licenciado é lecionar para o ensino básico, para isso na graduação é aprofundado no conteúdo que já  viu  ao longo do fundamental e médio, acrescido de tópicos sobre o fazer historiográfico e habilidades pedagógicas. 

A função de mestres e doutores é a pesquisa e a docência no nível superior. Ai vem a pergunta ” E como é possível ser mestre ou doutor sem ter passado pela graduação na área ? “.  Simples, pois há graduações que formam para execução profissional de alta complexidade, sendo requisito mínimo e incontornável, outras não, como a maior parte das licenciaturas, bacharelados e graduações tecnológicas, pois seus conteúdos básicos tem grande justaposição com o que  já se viu no ensino básico, ou são de alta disseminação prática e apreensíveis autodidaticamente, além de não envolverem risco de morte, injúrias e prejuízos graves por imperícia. 

Além disso os processos seletivos aferem o domínio teórico mínimo e aptidão necessárias para prosseguir em  estudos de tópicos mais avançados na área, por tal, é que nas seleções de stricto sensu não é incomum ver graduados da mesma área da pós serem superados por graduados de outras formações, mas cujos perfis pessoais e conhecimentos teóricos são igualmente ou até mais adequados.

Os mestrados exigem estágios de prática didática, em geral dispensados quando comprovada prática anterior (caso de boa parte dos mestrandos). Ademais como os cursos superiores são para adultos (jovens ou não) a prática do docente de ensino superior é andragógica, não pedagógica, ou seja, tem um outro direcionamento.

Ainda relacionado à questão é importante destacar que a licenciatura na área é exigência apenas para quem vai lecionar no ensino básico, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) diz que a preparação para a docência superior se dá prioritariamente nos programas de pós-graduação Stricto Sensu (mestrados e doutorados) . Apesar de vários editais para docência superior vincularem a licenciatura à pós, isso é requisito arbitrário sem amparo legal e tem sido derrubado quando contestados administrativa e judicialmente, para maior detalhamento vide:https://www.conjur.com.br/2010-nov-17/exigencia-licenciatura-concursos-institutos-federais-ilegal

Enfim, mais que historiadores profissionais, agora estamos a um pequeno passo de termos profissionais historiadores, o que é bem diferente. 

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