10 de julho de 1884, 131 anos do fim da escravidão no Amazonas
Após a lei provincial nº 184, de 19 de maio de 1869, que aprovara uma verba de 10 mil-réis para a emancipação progressiva de escravos e campanha abolicionista inciada em 1870 com a criação da Sociedade Emancipadora Amazonense destinada à compra de alforrias (posteriormente com participação de outras congêneres e da maçonaria), em 24 de maio de 1884 o movimento abolicionista de Manaus entregava as últimas 186 cartas de alforria da cidade, eliminando na prática a escravidão na capital amazonense, estendendo-se para o interior a onda emancipatória, em 20 de junho já não havia em termos práticos mais escravos na província, em 10 de julho em ato em praça pública contando com a presença de autoridades constituídas e acorrência da sociedade local, foi assinado o Auto de declaração da Igualdade de Direito dos Habitantes da Província do Amazonas, adiantando-se em quase quatro anos à lei áurea, a província do Amazonas declarou abolida em todo o seu território a escravidão.
Cabe lembrar que apesar de reconhecidamente o Amazonas ter tido a menor das populações escravas do Brasil, ela existiu e em números absolutos e relativos não desprezíveis, também contribuindo a despeito da tradição negacionista da presença negra no estado, para a sua composição étnico-racial e cultural.
Importante lembrar que esses números se referem a oficialmente escravizados, havendo na composição da população negra amazonense pré-abolição além desses, os negros já forros e nascidos livres (em número não determinado), somando-se ainda os “africanos livres”, na prática resgatados do tráfico negreiro já declarado ilegal após 1850 e mantidos sob tutela e a serviço do estado por determinado período, segundo último registro de 1866 em número de 71, além de seus descendentes; para se ter ideia a população da capital amazonense, que tradicionalmente equivale a 2/3 da população do estado, no período de 1872 a 1890 variou de 29.334 a 38.720, em 1884 estaria por volta de 33 mil habitantes sendo que mesmo após 14 anos de campanha abolicionista, quase 5% da população ainda era escrava.
Hoje a população do Amazonas tem 4,3 % de autodeclarados pretos e cerca de 69% autodeclarados pardos (desses obviamente pelas características regionais a maioria de origem indígena, porém por extrapolação pode-se inferir como pelo menos 20% a população parda de origem afro, que somada aos pretos, configuram uma população afrodescendente de nada desprezíveis 25% da população total).
Fontes
LOUREIRO, Antônio. O Amazonas na Época Imperial. Manaus: Editora Valer, 2007
POZZA NETO, P. . Aqui abrio-lhe os braços da liberdade : os rumos abolicionistas no Amazonas Imperial. 2010. Disponível em : < http://www.historia.uff.br/stricto/files/public_ppgh/hol_2011_CaminhosLiberdade.pdf >
Recenseamento do Brazil 1872-1920. Rio de Janeiro: Directoria Geral de Estatística, 1872-1930; e IBGE, Censo Demográfico 1940/2010. Até 1991, tabela extraída de: IBGE, Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007 no Anuário Estatístico do Brasil 1994. vol.54, 1994 )