“Sou feliz sendo prostituta” ????
Que me desculpem algumas feministas equivocadas e inclusive várias guerreiras do movimento de mulheres negras, que estão protestando nas redes sociais pelo cancelamento da campanha “Sou Feliz, sendo prostituta”, feito pelo Ministro da Saúde, campanha essa que foi gestada a partir de reivindicações do movimento da categoria (que aliás me parece salvo engano, ser mais um exercício afirmativo de algumas veteraníssimas profissionais do sexo já em busca de uma necessária aposentadoria, do que uma organização que parta da base majoritária e em idade mais produtiva da mesma).
Que a prostituição é uma das profissões mais antigas do mundo, vá lá…, que cumpra uma importante “função social”, idem, que muitas mulheres se entreguem e permaneçam nela por livre e espontânea vontade, que seja…, que várias sejam “orgulhosas” (no sentido afirmativo) de sua condição, aceitável, que algumas sejam felizes, bom pra elas…; não sou de me posicionar de forma reacionária e nem moralista, e creio não o estar sendo agora, porém vejo grande diferença entre minorar a vulnerabilidade social desse grupo, incluir as profissionais voluntárias no guarda-chuvas das políticas previdenciárias e de saúde, bem como observar que as mesmas devem se encontrar amparadas pelo preconizado na declaração dos Direitos Humanos, e em outra mão criar campanhas estatais que minimamente funcionem como “propaganda” de um “modo de vida” que ao contrário do que muitos dizem e muitas “candidatas” pensam, não é nada fácil, muito menos “louvável”.
A prostituição apesar de realidade social, pode até ser abrigada, mas não deve em hipótese alguma ser incentivada, muito menos pelo poder estatal; pois é fator e resultado de desestabilização familiar, sócio-econômica, fomenta crimes como o tráfico de pessoas, exploração, prostituição infantil / pedofilia, e enquanto “negócio” não raro tem estreita relação com o narcotráfico e submete principalmente mulheres (e nem todas “felizes e por amor à profissão”, muitas por extrema necessidade ou até mesmo coagidas) a situações degradantes, entre elas a exposição aumentada às DSTs, problemas de saúde outros, violência e óbvio estigmatização social… .
O conceito da mulher “dona do corpo” é uma coisa, a apologia a uma praga social que vitima sem que as vítimas muitas vezes se deem conta é outra. Houve tempo (inclusive na história recente da humanidade) em que a prostituição forçada era usada como recurso de guerra, além de fator de fragilização do oponente, vide o caso das “mulheres de conforto” da Coréia e outros países asiáticos forçadas a se prostituir durante a II grande guerra pelas forças japonesas. Logo, independente de ser voluntária ou forçada, é dever dos governos conduzir ações para a sua redução (ou eliminação no caso da forçada) ou redução dos seus danos, mas nunca de forma a ser confundido com incentivo.
Costumo dizer que preconceito todos nós temos, em variados graus e focos, muitos são completamente infundados ou injustos, principalmente aqueles motivados por questões naturais, inatas ou acidentais como cor, gênero/homossexualidade, deficiências, étnicas, origem regional/nacional, enfim…; o que é um pouco diferente de alguns outros relacionados as “escolhas” completamente pessoais em que as próprias pessoas optam por se colocar em situações estigmatizantes/ estigmatizadas socialmente, quando exercem o seu direito ao diverso, mas devem estar cientes de que seu ato/escolha não será admirado por todos e que muito provavelmente lhe causará discriminações fora do seu “nicho comportamental/ ideológico” até que individualmente se prove o contrário do senso comum sobre o objeto de discriminação. Ex. um(a) jovem muito competente profissionalmente mas que vai para entrevistas de emprego com o cabelo pintado de azul, roupas “alternativas” e grande parte do corpo tomado por “arte corporal” … e muito provavelmente terá ” alguma dificuldade” em se encaixar…, esse tem até o direito de reclamar, mas opção é opção, escolheu…, não nasceu assim nem ficou por conta de alguma fatalidade/ motivo adverso, tem o bônus da auto-satisfação mas também tem o ônus… .
Concordo plenamente com o Ministro Alexandre Padilha, que disse : “Enquanto eu for ministro, não acho que essa tem que ser uma mensagem passada pelo ministério. Nós teremos mensagens restritas à orientação sobre a prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Respeito as entidades e os movimentos que queiram passar essa mensagem, mas é papel deles. O papel do Ministério da Saúde é estimular a prevenção às DST’s”, o Ministro também exonerou toda a equipe responsável pela equivocada campanha.
Conrdo com o último paragrafo, embora percebamos que há prostitutas que se passam por “boas moças”, enganando trouxas que se acham acima do bem e do mal,sendo capazes de reconhece -las .porém com a liberação sexual, surgiram também várias categorias, algumas que se autodeclaram escorts, acompanhantes de alto nivel , outras que dizem não ser , mas o fazem e nesta concepção temos percebido ou comprovado que o foco são os homens que podem de alguma maneira provê – las e estes estão namorando ou casando ,ainda , segundo alguns, apenas se encontrando.A percepção dessa escolha de vida , as vezes aparece de forma trágica, que levam, na maioria das vezes a obto ou casos policiais.Mas quem procura, acha, se existe a profissão é porque tem clientela e é com tristeza que concluo minhas palavras, sendo obrigada a admitir que basta sair na noite, pra ter essa confirmação e a preferência é para homens e mulheres mal resolvidos em seus sentimentos que acabam caindo na lábia dessas “profissionais do sexo”, algumas são tão profissionais que os mais experientes “compram” como mulheres confiáveis, pena.
Bom, a ideia central do texto, não era fazer juízo de valor sobre a prostituição, ou seus atores, etc…, mas tal e qual somente dizer que a tarefa afirmativa cabível ao Estado é tentar a redução de danos (caso das campanhas de saúde, ou mesmo no tocante a preservação dos direitos humanos e inclusão previdenciária), como sabiamente disse o ministro, outros tipos de afirmação não cabem ao Estado, mas sim aos movimentos relacionados com a causa.