Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho sobre a cultura afro-brasileira
Impressiona a matéria publicada no nosso principal jornal de Manaus
E como sempre o racismo (sim RACISMO, pois a base da intolerância religiosa no caso, faz parte do tradicional conjunto de práticas e mentalidades racistas brasileiras) denunciado na matéria (por sinal imparcial como deve ser uma boa matéria), se repete nos COMENTÁRIOS da versão online do jornal, demonstrações abertas de ignorância e preconceito (as vezes mal disfarçado em “defesa da livre expressão ou direito de opinião”).
Vou repetir aqui (com alguns acréscimos) o que comentei lá :
Aos que não entendem do que se trata :
1- História e Cultura afrobrasileira e africana, não tem cunho religioso (apesar de entre outras coisas poder esclarecer sobre algumas características das religiões de matrizes africanas, e isso não é apologia nem proselitismo) o ensino de HCAA é obrigatório no ensinos fundamental e médio de forma transversal por conta da LEI FEDERAL 10.639/2003, alegar “convicções religiosas” para não estudar ou fazer trabalho escolar é tão ridículo quanto alegar que estudar mitologia e cultura grega “transformaria” os estudantes em “adoradores de Zeus” ou que por serem criacionistas devam “evitar” conhecer e responder sobre o evolucionismo.
2- O errado no trabalho sobre Missionários na África ( que tentou ser apresentado pelos estudantes) é que vai justamente na contra-mão da intenção de mostrar justamente os valores civilizatórios africanos lá e introduzidos no Brasil e não como eles foram e são destruidos pela cultura eurocêntrica. (seria como se fosse pedido um trabalho sobre A cultura indígena e os estudantes apresentassem um trabalho de apologia à destruição da cultura, pelas missões). Ou seja, estão tão CEGOS pelo fanatismo que não enxergam que proselitismo religioso contraria a ideia de respeito à diversidade cultural.
3- Poderiam ser feitos milhares de trabalhos sobre cultura afrobrasileira sem sequer tocar na questão afroreligiosa, ou seja, o problema mesmo é preconceito contra qualquer coisa de origem africana (inclusive os descendentes). A intenção de trabalhos como esse é deslocar o eixo de visão cultural dos jovens de um exclusivo eurocentrismo, não reforça-lo. (em tempo, fiquei sabendo por outras fontes que o trabalho solicitado era sobre o Candomblé, o que não muda a situação, se fosse solicitado um trabalho sobre o islamismo, judaísmo ou sobre a reforma luterana, nenhum aluno independente de religião poderia se negar a fazer, conhecer elementos de outros grupos culturais não torna ninguém pior…) .
Os estudantes falaram em SATANISMO e HOMOSSEXUALISMO (sic) em obras literárias recomendadas para leitura (no caso Jubiabá de Jorge Amado, onde o personagem principal é amigo de um pai de santo), se fossem menos intolerantes e mais informados, saberiam que o satanismo é uma filosofia/culto europeu, não africano… e que o termo correto é HOMOSSEXUALIDADE (em geral o sufixo ismo é aplicável a doenças/patologias, o que não é o caso).
Enfim, está ai escancarada a atitude criminosa de intolerância e discriminação fomentada por pais e pastores, desrespeitam não apenas vários dispositivos constitucionais e infraconstitucionais diretos, como afrontam uma lei federal (a 10.639/2003 que torna obrigatório nos níveis fundamental e médio o ensino de História e Cultura afrobrasileira e africana, complementada pela 11.645/2008 que incluiu a História e Cultura do povos indígenas); está mais do que na hora de acontecer algumas prisões e processos contra os arautos da intolerância criminosa, para mim isso já virou caso de polícia e justiça… .
Link para a matéria jornalística : http://acritica.uol.com.br/noticias/Amazonas-Manaus-Cotidiano-Polemica-alunos-professores-trabalho-escolar-afro-brasileiro-evangelicos-satanismo-homossexualismo-espiritismo_0_808119201.html
A grande verdade é que essas pessoas tem mente totalmente fechada vivem na completa ignorância, não procuram fazer leituras, pesquisar sobre o assunto. E simplesmente ficam no “achometro” no “me disseram” .Realmente tá na hora de serem reponsabilizados.
Tomei conhecimento hoje desta situação através do comentário na CBN nacional. Realmente lamentável essa postura de intolerância dos alunos e principalmente da base familiar/religiosa dos mesmos.
Uma vergonha que não pode passar batida!
Grato pela visita e comentário Thiago, realmente a situação exige solução enérgica senão vira moda…
Macunaíma nasceu numa tribo amazônica. Lá passa sua infância, mas não é uma criança igual as outras do lugar. É um menino mentiroso, traidor, pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além de ser extremamente preguiçoso.
Somos país Livre – sabe se que cada autor tem uma linha de pensamento e defende seus ideiais e seu ponto de vista em suas obras. A Constituição diz em seu artigo 5°, VI- é inviolável a liberdade de consciencia e de crença. VIII, ninguem será privado de direitos por motivos de crença religiosa… somos livres pra decidir. Existe sempre uma mensagem por taz de algumas obras. Se com olhar critico se perguntar o que o autor de cada Obra esta escrevendo nas “ENTRELINHAS”, VAI DESCOBRIR SUA LINHA DE PENSAMENTO. Lógico que estes alunos devem ser percebido isso e se sentiram afrontados com a proposta da direção escolar. Logo como pessoas livres pra ter sua religião, podem e devem decidir se querem ou nao ler o tal livro. O tempo da ditadura ja se foi. Uma escola que deixa um assunto chegar neste nivel, porque nao soube conduzir as coisas. A flexibilidade, bom senso, gera um entendimento sadio. Assim como eles tem deveres tem tambem DIREITOS GARANTIDOS EM LEI, DEVEMOS RESPEITAR ISSO. E NAO É COM IMPOSIÇÃO QUE SE FABRICA CIDADÃOS.
Grato pela visita e comentário Sonia,
A Constituição possui um princípio chamado unidade constitucional, ou seja, qualquer interpretação não deve ser feita exclusivamente a partir de um único artigo, mas de todo o contexto constitucional.
Sendo assim no caso em tela é preciso harmonizar e delimitar o entendimento do art. 5º com outros artigos, como por exemplo :
No próprio art. 5º
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (E a Lei 10.639/2003 obriga o ensino de História e Cultura afrobrasileira e africana no ensino básico, com o intuito justamente de reduzir o preconceito e discriminação, está no curriculum e TODOS os estudantes estão submetidos a ela)
[..]
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; ( mas é exatamente o caso… e a lei não fixa prestação alternativa)
[..]
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; (Sendo a liberdade de crença uma liberdade fundamental, não concerne aos evangélicos o direito de DISCRIMINAR as de outrem, mas é exatamente o que ocorre)
Já no
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
[..]
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (o “espírito republicano” não admite discriminação (negativa, no sentido de prejudicar os tradicionalmente discriminados) como a que promovem os estudantes em relação à religiosidade afro ou aos gays, isso é um princípio e os princípios tem força normativa maior que os preceitos legais já escritos ou ainda não)
Ou ainda o
Art. 215 – O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º – O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
[..]
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
[..]
V – valorização da diversidade étnica e regional. (O que o Estado está seguindo à risca através do processo educacional, mas que a intolerância de estudantes, pais e pastores, teima em afrontar)
Pelo exposto fica claro que primeiro, há uma grande afrontação ao texto constitucional pelos estudantes intolerantes e assumidamente discriminadores, segundo, o seu direito à liberdade e convicção religiosa não lhes dá o direito de discriminar quaisquer outras manifestações religiosas (muito menos invoca-las para eximir-se de obrigação legal a todos imposta).
Isso apenas para se falar apenas no nível constitucional…, se descermos ao nível infraconstitucional o que vemos é um puro e simples caso de crime :
Lei 7716/89, a chamada Lei Caó
[..]
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Qualquer outro posicionamento ou entendimento da situação carece de argumentação válida e base legal…, como sempre a dificuldade para se “enxergar”, admitir e punir esse tipo de crime é um fato, mas o Brasil está mudando (vide resultado do mensalão), só falta alguém competente decidir fazer cumprir a lei…
Como um negro, eu me sinto muito ofendido por tamanha imundice. Os protestantes são insuportáveis, cada dia que passa eu tenho mais nojo desta religião de escrotos. Não sei como uma pessoa que se diz negro pode fazer parte de uma religião desta. Como podem aceitar isto? Um bando de preconceituosos, racistas, segregantes, manipuladores , avarentos, etc…