11 de outubro de 2024

1936 -2010

Hoje pela manhã meu pai, Juarez Clementino da Silva, faleceu aos 74 anos de idade em Pindamonhangaba, interior de SP; resistiu por mais de 90 dias internado devido a complicações após cair do telhado de casa.

Nascido no interior de Minas Gerais, perdeu o pai aos 9 anos e se mudou para a capital com a família, tendo passado por muitas dificuldades, se formou eletricista pelo SENAI e sentou praça no Exército, onde serviu por 28 anos, da arma de Engenharia, sua última transferência foi para o 2o. B E Cmb em Pindamonhangaba-SP em 1976, era Subtenente quando foi para reserva em 1986 e por lá ficou juntamente com a família; servi junto com meu pai por quatro anos e dei baixa poucos meses antes dele.

Homem extremamente culto, autodidata, sereno e bem humorado, de gosto refinado, falava línguas, amava cultura (incluindo a russa), História, Filosofia, música e as coisas boas da vida, tinha alma de inventor e de fato criou várias coisas; após a aposentadoria foi para a faculdade, se formou e pós-graduou em letras e filosofia.

Consciente, sempre se preocupou em trabalhar nossa auto-estima e consciência enquanto negros e sujeitos expostos ao preconceito e discriminação, foi também um militante crítico fazendo à sua maneira trabalho em prol da causa, devo muito ao que aprendi com ele.

Lembro muito de todas as coisas especiais e espetaculares que fez em nossa infância,  adolescência e juventude, foi um grande pai… e sinto muito orgulho de ter tido o privilégio de ser seu filho, o primogênito, o mais parecido em tudo  e carregar todo o seu nome.

A grande distância que nos separou regularmente nos últimos 20 anos, desde que me mudei para Manaus, também me impediu de estar lá agora com o restante da família e dos amigos para prestar as últimas homenagens; mas isso já não importa, sua alma agora liberta do sofrimento físico dos últimos meses há de estar em paz;  a morte faz parte da vida e também fico em paz aqui pois conforta saber que viveu a sua passagem terrena por período natural e da melhor forma que pôde.

Na minha fé resgatada de nossos ancestrais africanos, peço que minha mãe Yansã (que conduz os Eguns (espíritos dos mortos) ao Orun (outro mundo) ), o conduza a bom lugar para a vida após a vida.

Adeus Pai, valeu !

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