Besouro, o filme
Cartaz de divulgação
Estreiou simultâneamente (com 120 ou 160 cópias) em todo o Brasil na ultima sexta feira de outubro, o longa-metragem do diretor João Daniel Tikhomiroff sobre o lendário Besouro Mangangá (Manoel Henrique Pereira 1897-1924, um herói da capoeira que se tornou uma "lenda viva", cantado e referenciado até os dias de hoje pelos seus praticantes), Besouro é clara e assumidamente um filme de ação e ficção (mas inspirado em uma história real) ambientado no Recôncavo baiano dos anos 20 do séc. passado .
Besouro, antes mesmo da estréia, já tinha tudo para ser um marco da cinematografia nacional:
Primeiro, pelo tema que envolve além da capoeira, vários outros elementos da cultura e estética afrobrasileira como os Orixás do Candomblé (além de uma crítica histórico-social muito importante no momento em que a população negra busca resgatar não apenas seus valores culturais, estéticos e a auto-estima, mas principalmente sua cidadania plena através das AA) ;
Segundo, pela introdução de um "super-heroi" brasileiro e negro…, bem como pelas cenas com efeitos especiais fantásticos não apenas nas lutas (ao estilo dos filmes de artes marciais orientais, Matrix e outros do gênero), mas também na fase da "evolução" de Besouro, que introduzem uma linguagem cinematográfica inédita no Brasil;
Terceiro, pelo custo (10 milhões de Reais) e o trabalho de divulgação prévia feito basicamente pela internet, ; só pelo trailer (visto na web mais de 500.000 vezes), pelo site do filme (tem como música de fundo um toque com berimbaus impressionante) e pelo blog ( que permitiu o acompanhamento da produção desde antes do início das filmagens) já se pode ter uma idéia do que esse filme significa no contexto nacional… e arrisco desde já uma "profecia" …, vai estar na próxima festa do OSCAR…, e com grandes chances de trazer a estatueta de melhor filme estrangeiro.
Bom, detalhes como elenco, sinopse , etc…, nada melhor que deixar com quem fez (e muito bem-feito) : http://www.besouroofilme.com.br (site com trailer, sinopse, etc…) ou http://www.besouroofilme.com.br/blog (o blog com tudo sobre os bastidores e premieres ).
* nos comentários as impressões pós-filme
Após ter assistido duas vezes ao filme, posso dizer que vale a pena mesmo, ouvi também muitos comentários empolgados de colegas de serviço que também asssitiram.
Todas as interpretações muito boas, os vilões (Coronel Venâncio e o Capataz Noca ) são um show a parte, o coronel, franzino, de voz calma e cinicamente dissimulado em público, foge dos padrões dos vilões do cinema nacional, e pode muito bem simbolizar o meta-racista brasileiro (capaz de explorar e vilipendiar negr@s e apertar cinicamente a mão de outro fazendo discurso "pacifista" só para fazer "média" ), o capataz noca (um misto de puxa-saco, fanfarrão e incompetente ) consegue arrancar risadas do público até no meio das suas "crueldades".
Os efeitos especiais não desapontam, mas é preciso estar atento para entender algumas passagens de cena, pois nem todas são "lineares", há algumas "idas e vindas" que "na ida" podem deixar o espectador com a sensação que se "pulou" alguma parte ou que tem "alguma coisa errada"… sensação que se desfaz "na volta" quando se percebe o "porque do desvio" na sequência lógica .
Há também algumas sutilezas que podem passar despercebidas até para quem está familiarizado com a temática afro-brasileira.
O tratamento dado a questão religiosa foi primoroso, muita gente deve ter mudado sua visão em relação ao que são os Orixás e o que é Candomblé , só achei falta da presença de Xangô (Orixá da Justiça) já que duas de suas 3 mulheres (as Orixás Yansã e Oxum ) foram retratadas com algum destaque e reza a tradição que aonde há luta por justiça ou está uma das duas, Xangô também está sempre por perto; a representação de EXU foi ótima , mas quem não conhece a tradição dos Orixás pode ter tido de início uma visão de EXU como um "vilão" , visão essa desfeita no final da sua cena principal.
A "predação de negras" feita pelos "Sinhôs" também foi bem colocada, não explicitamente, mas apenas "dando a entender"; o uso massivo e aberto de expressões e comentários racistas "choca" o público, que em geral vem desde criança "sedado" pelo mito da democracia racial e acostumado a ouvir tais comentários de forma mais reservada e velada… .
Enfim, um excelente filme, que deixou "ponta" escancarada para uma continuação.
(Dando uma de crítico… 🙂 ) RECOMENDO !
Após ter assistido duas vezes ao filme, posso dizer que vale a pena mesmo, ouvi também muitos comentários empolgados de colegas de serviço que também asssitiram.
Todas as interpretações muito boas, os vilões (Coronel Venâncio e o Capataz Noca ) são um show a parte, o coronel, franzino, de voz calma e cinicamente dissimulado em público, foge dos padrões dos vilões do cinema nacional, e pode muito bem simbolizar o meta-racista brasileiro (capaz de explorar e vilipendiar negr@s e apertar cinicamente a mão de outro fazendo discurso "pacifista" só para fazer "média" ), o capataz noca (um misto de puxa-saco, fanfarrão e incompetente ) consegue arrancar risadas do público até no meio das suas "crueldades".
Os efeitos especiais não desapontam, mas é preciso estar atento para entender algumas passagens de cena, pois nem todas são "lineares", há algumas "idas e vindas" que "na ida" podem deixar o espectador com a sensação que se "pulou" alguma parte ou que tem "alguma coisa errada"… sensação que se desfaz "na volta" quando se percebe o "porque do desvio" na sequência lógica .
Há também algumas sutilezas que podem passar despercebidas até para quem está familiarizado com a temática afro-brasileira.
O tratamento dado a questão religiosa foi primoroso, muita gente deve ter mudado sua visão em relação ao que são os Orixás e o que é Candomblé , só achei falta da presença de Xangô (Orixá da Justiça) já que duas de suas 3 mulheres (as Orixás Yansã e Oxum ) foram retratadas com algum destaque e reza a tradição que aonde há luta por justiça ou está uma das duas, Xangô também está sempre por perto; a representação de EXU foi ótima , mas quem não conhece a tradição dos Orixás pode ter tido de início uma visão de EXU como um "vilão" , visão essa desfeita no final da sua cena principal.
A "predação de negras" feita pelos "Sinhôs" também foi bem colocada, não explicitamente, mas apenas "dando a entender"; o uso massivo e aberto de expressões e comentários racistas "choca" o público, que em geral vem desde criança "sedado" pelo mito da democracia racial e acostumado a ouvir tais comentários de forma mais reservada e velada… .
Enfim, um excelente filme, que deixou "ponta" escancarada para uma continuação.
(Dando uma de crítico… 🙂 ) RECOMENDO !
quero quero vinga do coronel